segunda-feira, dezembro 17, 2012

Miss Patsy



Miss Patsy was a sweet lady in her sixties, big brown eyes and lazy smile, soft gestures and gentle posture every time she wanted her wishes to be satisfied. Miss Patsy didn’t like to talk loud, “it’s not appropriate for a real lady” she used to say, but often forgot it when in some shop or restaurant the waitress did something wrong. “I asked for a fresh orange juice you incompetent!” she would not be afraid to scream.

A spoiled child by her parents, Miss Patsy did never totally grow up. An immature and childish sense of unfairness would make her cry over the injustice she was a victim. “Because people are never nice to me, because red lights are always against me, because nobody understands how important it is for me to have a brand new car today!”

She was never very happy, Miss Patsy, and she never married. She had a bunch of boyfriends, enchanted by her eyes, scared away by her mood swings and demands.

Poor Miss Patsy died when she wanted only to be independent – she was getting out the subway when someone whispered to her “please mind the gap”. But she knew no one in earth could tell her what to do and so she didn’t listen.

Other passengers had to wait for 5 hours while the fireman managed to take out the stubborn body.

terça-feira, dezembro 04, 2012

Subia a rua como todos os dias, mala ao ombro e saco na mão. Hoje trazia casaco que o Inverno fazia-se sentir e trazia histórias e memórias nascidas dos anos que passavam que criam estas lembranças e esperanças que nem sempre se traduzem em respostas. Acabam com as perguntas, contudo, pensava enquanto tricotava pensamentos com muito maior ligeireza do que costumava tricotar cachecóis. 

Tinha visto estas árvores crescerem, tinha visto duas delas serem arrancadas às raízes em dois Invernos mais penosos do que o deste ano, tinha assistido a mais de 50 decorações de natal diferentes, parecidas, quase iguais, todas com luzes fundidas. 

Conhecia as pedras das calçadas de uns anos para os outros, as pedras que faltavam e as outras que rebentavam, as que foram substituídas  as que lá estavam desde os primórdios das vidas que moravam naquela rua. 

Fora naquele canto que tinha dado o primeiro beijo apaixonado ao que viria a ser marido, já não se lembrava disso quando ali passava, ocupada a decidir o que seria o jantar, e que bom que era fazer uns bifinhos mas era fim do mês, talvez arroz com feijão à falta de lombo arranjadinho, estava bem arranjada era com o que tinha que carregar no próprio lombo, que os sacos começam a pesar mais, não é o peso dos sacos, as pernas é que já não respondem como antes, lembras-te antes que aguentavas uma tarde inteira a dançar nos domingos de verão no largo da igreja? Ah, e eles faziam fila para dançar comigo, e diziam-me sussurros aos ouvidos e de todos escolhi o melhor, o mais dançarino e divertido, uma mão atrevida a querer baixar mais do que a conta e as palavras doces que me murmurava sem mais ninguém saber. Agora os tempos são outros, não dançamos mais que as pernas não deixam, não me diz palavras doces mas gosta de mim à maneira dele, quando reclama com o jantar ou quando quer sossego para ver a bola, quando chega a casa cansado e me pede cervejas, quando estou a cozinhar e ele finge que nem me vê mas eu sei que quando estou de costas ele olha para mim. Nunca o apanhei, acho que é vergonha, mas eu sei que ele olha para mim quando não o estou a ver.