"Como acordam os sentidos? Os meus, por meias palavras."
M.G.Llansol
- Explica-me…
- Como olhos rasgados a contemplar a agitação de outro silêncio
- Como?
- Como a sede de outros séculos a superar-nos o tempo do corpo
- Do corpo?
- Sim. Como um gato que desenha oitos nas tuas pernas cada vez que chegas a casa. Podem ser oitos, um circuito fechado ou…
- Infinito…
- Depois cortam-te os dias em que não chegas e o mundo é demasiado grande para o ar que tens nos bolsos.
- E o gato?
- O gato continua lá.
- Sempre?
- O tempo suficiente. O tempo que está disposto a esperar pelo tempo. Se tiveres sorte é o teu tempo todo que não é o tempo todo dele.
- Uhm…
- É como passar o dia a procurar uma palavra que não encontras. Talvez por ser demasiado longa ou por só se escutar nos vértices da pele antes da pele
- A pele não tem vértices
- Precisamente. Demora a chegar. Mas entre tanto(s) dissolve-se nas tuas mãos e multiplica-te no espaço. Dissolve-te também.
- E o tempo?
- É como o gato e os soluços do corpo.
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