terça-feira, janeiro 18, 2011

Catarina, a Donzela incompreendida

Na Urbes Imperatoria Salatia existiu, nos tempos remotos dos poemas de amor e das serenatas, uma Donzela de seu nome Catarina. Catarina de La Pirose Totalle (façam favor de ler o seu nome com entoação francesa para lhe dar a solenidade devida!)

Catarina não era uma Donzela qualquer, como essas que só andam p'ra aí a donzelar o dia todo. Naaa...dessas havia-as aos molhos na Salatia; tantas que o Presidente da civitas mandou publicar um édito que aprovava um novo imposto municipal a ser pago por todos aqueles que albergassem mais do que uma Donzela em suas casas (tipo política do filho único na China mas só que na Salatia e algures no século XIII.)

Mas voltando à bela Donzela da nossa história, Catarina era detentora de uma beleza inigualável; os seus olhos verdes que adoptavam tons de mel em dias de maior claridade e os seus caracóis dourados sempre meticulosamente penteados com a melhor brilhantina da época enchiam o imaginário dos jovens salineiros que se dirigiam ao rio Sado ao fim do dia para a ver passear nas suas margens (bem sei que soa a cliché mas façam o favor de continuar a ler!).

No entanto algo diferenciava Catarina das outras Donzelas da sua idade, fazendo-a, desde cedo, sentir-se incompreendida por parte de todos os que a rodeavam. O diálogo com os seus pais era inexistente; os jovens salineiros haviam há muito cessado as suas tentativas de conversar com ela e quando o faziam as únicas reacções que obtinha eram olhares intrigados, curiosos ou até assustados. Nem sequer tinha uma melhor amiga para desabafar ou com quem partilhar as suas angústias. Todos a consideravam estranha. (sei o que estão a pensar: dêm-lhe um maço de tabaco e um cd dos The Doors e temos uma típica Donzela da Salatia do século XIII. Mas continuem a ler que não se trata disso.)

Perguntava-se muitas vezes qual seria o seu problema mas nunca chegava a nenhuma conclusão; por mais que tentasse integrar-se, todas as suas tentativas saíam frustradas. O que estaria a fazer mal?

Foi durante um desses momentos introspectivos, que geralmente a conduziam a um estado de desespero incontrolável, que Catarina se encheu de coragem e, numa derradeira tentativa de alterar o rumo das coisas respirou fundo e disse à sua mãe na única língua em que sabia expressar-se: "Mutter, was ist los mit mir? Ich fühle, dass ich nicht verstehen kann und tun, was die Leute denken ich bin komisch ... warum schaust du mich so an?"

2 comentários:

Anónimo disse...

Podíamos todos fingir não saber, fazer que "não é nada comigo", assobiar para o lado, abrir o jornal ou fingir mandar mensagens pelo telemóvel touchscreen da marca da frutinha, mas convenhamos que de pouco serviria. Eu sei, tu sabes, ambos os dois sabemos, o mundo inteiro sabe, e sabe que sabemos que este texto é tão inocente como um padre católico irlandês. Isto é, sem tirar nem pôr, uma confissão autobiográfica, confirmada pelo trecho:

"seus olhos verdes que adoptavam tons de mel em dias de maior claridade e os seus caracóis dourados sempre meticulosamente penteados com a melhor brilhantina da época".

Querias enganar quem, mesmo?

qtuVtt

Maria disse...

Ohhh Vasquinho!!! És mesmo um espectáculo! Infelizmente não se trata de uma confissão autobiográfica mas, o que é que interessa? Keep talking, keep talking!
Não me canso de dizer que "Quem tem um Vasquinho tem mesmo tudo!"