Sra Dona Roseta
trazia a alegria espelhada no olhar e o bem estar a colorir-lhe as bochechas.
Era daí que vinha o seu nome de guerra e de festas - das rosetas bem coradas que
lhe tingiam a cara e a alma, tanto em momentos de dança como nos outros de calma.
Era muito querida no bairro, a sra dona Roseta, e toda a gente celebrava quando ela na
rua passava.
Bom dia sra Dona Roseta, como está hoje? E ela com seu ar
afogueado, dizia em tom despachado, já estou atrasada, já estou atrasada, um
beijinho ao seu Joãozinho, ele que volte depressa para casa! E ia em direcção à mercearia, escolher os
ingredientes a dedo, é que mais logo tenho visitas e queria preparar um pitéu,
entradas a preceito e um arroz de lingueirão, uns quantos doces e talvez um
licor beirão. Eu até costumo ter licor lá da terra sabe, mas ontem acabaram-se-me
com ele, a casa sempre cheia de gente mas é isto que a gente leva da vida não
é? E voltava rua acima, entre mais cumprimentos de bons dias, uma paragem
aqui para dois dedos de conversa, outra paragem ali para os assuntos rápidos do
jornal, e ficava mais rosado o bairro inteiro, entre piadas e arroz de fumeiro; a sra dona Roseta quando sai à rua é como um dia de sol
no meio do inverno, as cores tem mais cor, não sei... mas sei que sem a sra dona Roseta, este bairro não era o mesmo, dizia o Zé merceeiro, e toda a gente o aplaudia.