quarta-feira, março 31, 2010

uma estátua qualquer

Mandaram-na erguer no princípio do século XX. De bronze luzidio, impressionou todo um país que se juntou para a inauguração. Forte, intocável, inantigível. Causou sincera admiração nos meses que se seguiram, com propositadas expedições só para a ver, apenas para a admirar. Fizeram-se comparações com o seu nome - saia sempre vencedora - quase se criou um ditado com sua referência.

Depois... depois aconteceu o que costuma acontecer nestas coisas. Tornou-se invisível aos olhos de quem ali passava, por sempre lá estar, algumas vezes incómodo pelo trabalho que dava a limpar e por fim mero depositório de merda de pombos que a usavam para cagar.

No final foi substituída, dos fracos não rezou a história e todas as suas forças não eram mais do que vulneráveis fragilidades. E quem o adivinharia?

"Ninguém, senhora, ninguém."

quarta-feira, março 10, 2010

hum.

Postulado: Escrever é captar um momento e torná-lo relevante.

Exercício tecnológico: Escrever é sistematizar no teclado um determinado acontecimento, eternizando-o na Internet.

Exercício maternal: Escrever é segurar um frágil momento, cuidando-o e desenvolvendo-o para que ele encontre o seu caminho nas vidas de outras pessoas.

Exercício mágico: Escrever é tentar traduzir a magia de um momento, congelando-o num movimento de varinha de condão para que nunca perca a sua beleza.

Exercício psicológico: Escrever é traduzir os impulsos sistémicos, analisando e determinando as suas motivações e consequências, de modo a aprender e evoluir enquanto pessoas.

Exercício simples: escrever é isto.