quinta-feira, março 05, 2015

Sra Dona Roseta

Sra Dona Roseta trazia a alegria espelhada no olhar e o bem estar a colorir-lhe as bochechas. Era daí que vinha o seu nome de guerra e de festas - das rosetas bem coradas que lhe tingiam a cara e a alma, tanto em momentos de dança como nos outros de calma. 

Era muito querida no bairro, a sra dona Roseta, e toda a gente celebrava quando ela na rua passava. 

Bom dia sra Dona Roseta, como está hoje? E ela com seu ar afogueado, dizia em tom despachado, já estou atrasada, já estou atrasada, um beijinho ao seu Joãozinho, ele que volte depressa para casa!  E ia em direcção à mercearia, escolher os ingredientes a dedo, é que mais logo tenho visitas e queria preparar um pitéu, entradas a preceito e um arroz de lingueirão, uns quantos doces e talvez um licor beirão. Eu até costumo ter licor lá da terra sabe, mas ontem acabaram-se-me com ele, a casa sempre cheia de gente mas é isto que a gente leva da vida não é? E voltava rua acima, entre mais cumprimentos de bons dias, uma paragem aqui para dois dedos de conversa, outra paragem ali para os assuntos rápidos do jornal, e ficava mais rosado o bairro inteiro, entre piadas e arroz de fumeiro; a sra dona Roseta quando sai à rua é como um dia de sol no meio do inverno, as cores tem mais cor, não sei... mas sei que sem a sra dona Roseta, este bairro não era o mesmo, dizia o Zé merceeiro, e toda a gente o aplaudia.