Apresentava-se como Veva o que causava sempre alguma estranheza mas tinha fácil explicação:
era Vera o nome de baptizo mas os érres foram a última letra que aprendeu a dizer, numa fase em que já tinha pressa de chamar por si e de Vera passou a Veva e ficou assim.
Despachada já se vê que era, mas também trapalhona - fácil de adivinhar. Mais do que isso, a Veva tinha mesmo algumas particularidades que conforme quem as referia se tratavam ora de:
"engraçadas" (à vista de quem gostava dela),
"desesperantes" (à vista de quem precisava de resultados dela),
"inacreditáveis" (à vista de quem a acabava de a conhecer),
e,
"aterrorizantes" (à vista dela mesma que não sabia como lidar com elas).
A questão era de fácil diagnóstico e de re-la-ti-va-men-te fácil solução (não tão fácil assim, já lá chegamos),
Acontece que a Veva tinha aprendido mal duas lições na vida. Não sabia apertar os atacadores dos sapatos como-deve-ser nem sabia amar do-jeito-certo. Seja lá o que for isso de apertar os atacadores dos sapatos como-deve-ser, afinal de contas há tantas formas diferentes de apertar os atacadores... mas todas resultam e a dela simplesmente não resultava. Como consequência, a Veva andava aos tropeções pela vida - derivado do primeiro problema - e punha as pessoas a quem queria bem aos tropeções também - derivado do segundo.
A Veva sabia que tinha um problema e procurava incessantemente pela solução. Em todo o lado lhe aparecia - ou lhe diziam - tens primeiro que aprender a amar-te a ti mesma, tens que aprender a estar sozinha, só quando te valorizares poderás fazer alguém feliz e a Veva continuava aos tropeções e a magoar a quem gostava, a tentar descobrir sozinha como se faz, sem nunca lhe ter ocorrido que talvez a lição não lhe servisse. Afinal de contas, quantas são as pessoas que aprenderam sem ajuda como se dão nós nos atacadores?