Já fomos, já deixamos de ser, talvez estejamos de volta. Poderá ser o regresso do mito. O mito que nunca o foi.
segunda-feira, abril 10, 2017
Entrelançava os sonhos nas pontas dos dedos, ia brincando com eles enquanto os traduzia também em palavras, sonhos, esperanças, expectativas. os olhos brilhantes, planos, vontades e desejos, tudo seguro nas pontas dos dedos, enrodilhados uns nos outros, encadeados no entusiasmo da voz. eu ouvia, ia acenando que sim, pouco era chamado a participar nos devaneios. na minha cabeça perguntava-me, como é possível chegar-se a esta idade com tanto sonho? mas não formulei a pergunta. iria matar metade deles, não é essa vontade de que as coisas aconteçam que deve ser morta. tentei ajudar, só sonhar não chega, o que estás a fazer para chegar a esses lugares todos? puro discurso institucional, pura psicologia de algibeira, um silêncio a sublinhar a falta da resposta, a menina dos seus olhos a transformar-se em dois pontos de interrogação. brincar de sonhar vale tanto quanto delinear objectivos, pensei, calei de novo, não era chamado a participar mas estava ali para assistir e para me lembrar que o que temos de mais bonito não tem que se poder traduzir em indicadores de produtividade.
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