Já fomos, já deixamos de ser, talvez estejamos de volta. Poderá ser o regresso do mito. O mito que nunca o foi.
segunda-feira, março 24, 2014
Tem um sorriso a mais de que não precise?
Andava pelas ruas com olhos e bolsos vazios, mendigava para não roubar, dizia a quem o quisesse ouvir, mas dizia pouco entre as gentes apressadas de telemóveis nas mãos, músicas nos carros, vidros fechados. "Tem um sorriso a mais de que não precise?" perguntava enquanto batia nas janelas, acenavam-lhe que não por detrás dos vidros dos carros, por detrás dos vidros escuros dos óculos, "tem um abraço a mais que possa dispensar?" e nem olhavam para ele enquanto passavam apressados para os seus afazeres, "tem uma festinha na cara que me possa dar?, um sorrisinho, vá lá amigo, não mendigo porque gosto, é porque preciso..." e logo o senhor mudava de lugar na paragem do autocarro, diziam que não e afastavam-se, e ele por ai continuava, de bolsos vazios a mendigar um pedacinho de amor.
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