Dona Léria
trazia
na voz
a calma de um lago primaveril.
Dona Léria
pestanejava
com
todo o tempo do mundo.
Um pestanejar
podia durar
todo um segundo.
Não guardava urgências - nem nas pregas da roupa, nem em lado algum.
Sacudia-as
com um respirar pausado,
afastava-as
com um manejar bailado.
Dona Léria embrulhava-se em tranquilidade, não tinha problemas com o silêncio - o que às vezes deixava as pessoas à volta confusas, desconcertadas. Que vinham com partes de histórias e voltavam totalmente desarrumadas. Dona Léria criava assim desarrumações pessoais,
e gostava.
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