Lá fora o mundo arde, desenhando trilhos negros que assinalarão por anos os caminhos dos sopros emocionais de Zéfiro. Cá dentro o fogo é lento, carbonizando desejos e vontades que ficarão latejando em silêncio por uma vida inteira. Pelo que resta de uma vida que já foi inteira. O desnorte é enorme e a bússola rodopia furiosamente entre todos os pontos cardeais - quer o ambiente seja de festa, quer seja de dança, quer seja uma conversa apaziguada e até no silêncio do finalmente só. Não pára o desassossego, não diminui a velocidade. Talvez quando não reste verde na paisagem, a esperança possa passar de brasa laranja a cinzento pó. Se tudo for destroço, se a agulha perder o equilíbrio no eixo, se o magnetismo dos pólos mudar devido às temperaturas pós-incêndio - então os caminhos ficarão cobertos de cinza e a bússola acabará por se desintegrar, entregue a outro sopro de vento.
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