sábado, março 10, 2007

A história da Cinderela

Era uma vez a pobre Cinderela. Vivia só com a sua madrasta, após a morte de seu pai devido a uma insuspeita cirrose. Sua mãe havia muito que tinha dado às botas: casara-se com o pai da Cindy num lindo dia de sol, sob céu azul e uma tenda hi-tech num chik monte alentejano havia já 20 anos. A Cindy cumpria agora 21 dado a mãe ter casado já prenha tendo sido esta a maneira mais eficaz de agarrar o pai da Cindy, esbelto e rico moço abastado de boas famílias. Foi preciso chegar à meia idade para a senhora descobrir que dinheiro e diamantes trazem sorrisos mas não felicidade, que vida social reguerada traz críticas daqueles que nunca a havia visto como igual. Foi preciso chegar à meia idade para a mãe da Cindy fugir com o jardineiro em busca do verdadeiro amor, que jamais encontraria uma vez que o jardineiro andava de olho nos diamantes trazidos à socapa durante a fuga. Mas isso é outra história, neste temos apenas a pobre e infeliz Cindy que vivia com a sua madrasta, segundo casamento do pai. Já trazia filhas, estudantes, responsáveis e desejosas de vingar no mundo do trabalho. Nem sequer sabiam os sitios "ziros" para se sair à noite, desconheciam completamente os meios de gente "zira" onde a Cindy habilmente rodopiava em vestido de noite e nem sequer tinham um "pefume peferido"...

Ora a vil e malvada madrasta tinha a mania de obrigar a pobre e infeliz Cindy a estudar. E as suas filhas sublinhavam entusiasmadas tudo o que lhe dizia. E dizia-lhe "minha querida, o teu pai tudo gastou em jogo e bebida, nada te resta senão dívidas para pagar. Vivemos ainda de aparências mas os senhores do banco já andam de nariz torcido. Terás que lutar nobremente pela tua sobrevivência através do mérito da tua inteligência e capacidade profissional.".

Ora a Cindy não curtia. Era mais uma miúda de borgas chik's em discotecas fashion, com marcas em vez de roupa, com amigas igualmente interessadas na verdadeira essência de cada pessoa: o apelido. E a madrasta seguia com o seu discurso que, de tanto liberal de direita a Cindy já ouvia um estranho e retorcido intelectualismo de esquerda. Não era essa a vida que a Cindy aspirava! Não era esse o sonho que ela perseguia!

Revoltada suspirava a Cindy, apenas compreendida em algumas conversas com a sua mais-que-tudo e confidente: a repórter da revista "Life is Rose".

Um dia no entanto, surgiu-lhe a salvação. Eis que a Cindy conhece um gentil e apraz rapazinho. Chamavam-lhe nerd as amigas, era caixa de óculos na verdade. Mas que interessava a aparência se o ilustre luzia um importante nome estrangeiro que detinha as mais importantes holdings nacionais?

Foi numa noite estrelada que a Cindy e o ingénuo se enrolaram num fashion quarto de hotel de 5 estrelas para se casarem apressados de "tanto amor" no mês seguinte, precisamente 8 meses antes de nascer a filha prematura do feliz e jovem casal.

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