terça-feira, setembro 18, 2007

Apologia do Carmesim.

O meu grupo de amigos e eu tomámos, há coisa de alguns dias, uma resolução para o resto da vida. Uma espécie de propósito de ano novo, fora de época.

Decidimos, em conjunto, usar mais vezes a palavra "Carmesim". E porquê? Porque, meus amigos, a palavra "Carmesim" anda, neste momento, pelas ruas da amargura. Quase ninguém fala do "Carmesim" e no entanto, ele anda aí. Todos os dias, todas as horas há milhões de oportunidades desperdiçadas de dizer "Carmesim". Assim, "Carmesim" em voz alta e segura. "Car-me-sim". Bem demarcadas, as sílabas, naquele tom de quem sabe o que diz.

Mais a mais, o uso da palavra "Carmesim" traz imensas vantagens associadas. Dá um ar de seriedade a qualquer observação.

Reparem, hoje, durante o dia de trabalho, uma colega trazia vestida uma camisola cor de rosa. Cor-de-rosa não é Carmesim nem Carmesim é cor-de-rosa. No entanto, foi uma oportunidade que não desperdicei. Disse-lhe pois, "gosto da tua camisola quase Carmesim". E fez-se um silêncio respeituoso. A sério. Houve acenos de cabeça em concordância.

Se isto resultar como eu acho que resulta, imaginem-se num jantar barulhento. Copos e pratos, vozes altas e divertidas. Vocês, sem piada, a um canto, a tentar lutar por um bocadinho de atenção que vos denote como uma pessoa interessante. Vão por mim, experimentem dizer qualquer coisa do tipo "Estas toalhas ficavam melhor se fossem Carmesim". Tiro e queda, com apenas o uso do tom de voz normal, far-se-á um silêncio respeitoso em redor. Acenos de cabeça em concordância com a observação.

Não posso deixar de notar que, se a palavra carmesim tem saído em desuso, alguma razão haverá. Pergunto-me se foi a palavra que deixou de se usar, se foi a cor que deixou de fazer parte do mundo. Seja como for, há oportunidades para a usarmos e para não deixar morrer uma palavra e uma cor que fazem parte do nosso património histórico-social.

Por todas estas razões, eu vos peço que gritem bem alto comigo: "VAMOS SALVAR A PALAVRA CARMESIM!!!"

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