quarta-feira, janeiro 19, 2011

“I should have been a pair of ragged claws
Scuttling across the floors of silent seas."
T.S. Elliot

- Fala-me das pedras…
- Ah, essas também estão sempre lá e não são intervalo, excepção nem regra
- Continua…
- Também não são fuga, ferida aberta ou trapos remendados nos músculos
- São o quê?
- As pedras contam (nos). São (nos) o menos para que tudo o resto (nos) conte mais.
- Todas as pedras?
- Todas.
- Quais?
- As que querias ter rematado com um sorriso. As que querias nem ter visto da primeira vez. As que escolheste ver de novo. As que esqueceste, as que escondeste, as que guardaste e trazes todos os dias e no intervalo deles…
- No intervalo?
- E antes e depois e durante… as que são cascata de punhais aflitos e as que são vinho quente num crepúsculo temperado de canela e dedos esguios à lareira.
- Uhm...de que é que gostas mais nas pedras?
- Da música.
- Qual música?
- A das pedras.

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