Onze mil, quinhentos
e vinte e quatro dias de vida. Mais dia, menos dia, não sou boa de contas e
também não me lembro deles todos.
Quatro mil,
trezentas e vinte e oito horas, mais hora menos hora, não sou boa de contas e
também não estiveste em todas elas. Dentro destas horas couberam cento e
setenta e seis marés - mais maré menos maré - que levaram e trouxeram seiscentas
e vinte e três mil, quatrocentas e cinquenta e duas ondas. É muita onda, ainda
para mais porque só vimos umas dezenas a rebentarem-se-nos ao pé.
Foram 72 horas de
lua cheia o que daria três dias inteiros de lua cheia, mas é uma parvoíce porque
toda a gente sabe que foram antes 6 noites, que é como quem diz, 6 “meios-dias”.
Seis “meios-dias” de lua cheia e nem 2 minutos de consciência dela.
Mas não faz
mal, hão-de haver mais porvir.
Afinal de contas, a lua existe desde que o mundo
é mundo, toda a gente que existe, toda a gente que já existiu, toda a
humanidade desde os primórdios olha, de vez em quando, para a mesma lua. E
normalmente suspira. Também há quem sorria.
Dois frascos de
perfume, mais coisa menos coisa, porque lá em casa ainda sobra o cheiro
agarrado aos tecidos. Uma mão cheia de gargalhadas, outra mão cheia de
lágrimas, temos duas mãos, que mais haveria para agarrar em cada uma delas?
Oitenta e seis
mil, quatrocentas e vinte e três canções, mais canção menos canção, e destas
oitenta e seis mil e muitas há 3 que podíamos cantar em conjunto. Sem que mais
ninguém ouvisse, que eu canto mal que dói.
Mil quatrocentos
e 96 caracteres, agora mais uns quantos, e na verdade não há nem uma frase ou
palavra que te saiba dizer. Mas há mais dias, e horas, há mais marés cheias de
ondas, haverá mais “meios-dias” de lua cheia, frascos de perfume, canções e
caracteres.
E, se calhar, nem serão tão diferentes dos que existiram dentro das
quatro mil, trezentas e vinte e oito horas, passadas na mesma margem de dois
rios diferentes – o da ilusão e o da fé.
Quem diria que não eram o mesmo.
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