a camisa de dormir em desalinho, o cabelo em maior desalinho ainda. O peso de todos os fantasmas que carregas torna-se um fardo impossível de carregar sobre os teus ombros. Nem avisas-te no trabalho que não ias. Fumas, mas longe da janela fechada porque o barulho de um mundo que continua normalmente te é insopurtável.
Hoje precisavas de um milagre, aquele milagre específico, cabeça e alma atormentadas na expectativa de algo que não vai acontecer. Se pudesses gritavas mas hoje ainda não ouviste o som da tua voz e suspeitas que não vais ouvir.
Hoje vagueias de parede em parede, encostada a cantos da casa, olhando o bolor e a humidade que com os anos se foi enttranhando nos cantos do tecto. Os anos que aqui viveste, e recordas quase todos os momentos. Os anos em que a casa não era habitada pelo teu corpo, hoje tão frágil, e cujos sons e conversas ainda se passeiam como ecos inaudíveis por aí.
Hoje dói-te tudo o que foste mas dói-te especialmente tudo o que não és.
Sem comentários:
Enviar um comentário