quarta-feira, dezembro 09, 2009

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Sim, tenho andado com os nervos à flor da pele. Não, não sei que tipo de flor cresce na minha pele, mas sei que os nervos tão todos lá.

Porquê? Uma questão de contas (não só, mas sobretudo). De contas e matrizes. De contas que não batem certo com as contas dos outros e matrizes que parecem meretrizes arrogantes "tu a mim não me tocas porque não me percebes" dizem-me elas de caras com pó-de-arroz e lábios vermelhos.

Bem, contas são contas, fórmulas são fórmulas, não há nada de transcendente aqui. O facto de eu estar a falhá-las consecutivamente trouxe luz à origem do problema. E só poderia ser um: a máquina de calcular do telemóvel não é de fiar. Obviamente.

Conclusão: galgar o bairro de Alcântara em busca de uma boa máquina de calcular. E lá fui eu, pela manhãzinha, entrar de peito feito em pleno pingo doce, levar mais 3 vezes com a músiquinha versão natal pseudo-felizinha e com dezenas de reformados mal encarados e mal dispostos. Máquinas de calcular? Nem vê-las. Encontrões? Já diz a canção: "encontrões, encontrões aos molhos, por causa dos reformados choram os meus olhos..."

Procurar um pingo-docense. Perguntar por uma máquina de calcular. Levar com um sorrisinho incrédulo. Ouvir a repetição da pergunta. Vê-lo chamar outro pingo-docense e repetir novamente. Denoto um tom sarcásticozinho: "Esta Senhora procura uma máquina de calcular". Responde o outro: "Uma máquina de calcular? Pra quê?" Pra quê, perguntou-me ele. Quer com certeza uma descrição exaustiva da minha vida para saber se me há-de dizer se têm ou não máquinas de calcular. Vida essa afastada de qualquer tecnologia tipo telemóveis, computadores, pda's, etc.

Incomodou-o o silêncio, tentou disfarçar o ar incrédulo, diz que não têm.

Saio, em busca de uma loja do chinês. O que é que o chinês não tem?? Ah, máquinas de calcular, mas só descobri depois. Primeiro tive que entrar numa loja daquelas tipo corredorzinho estreitinho afuniladinho com um grande aglomerado de gente à porta, outro no meio e ainda outro lá mais ao fim. 3 aglomeradinhos de gentinha aos encontroenzinhos para chegar às mesmas coisinhas que não sei o que eram. Geez... o que haverá com estas pessoas que numa loja do chinês, já de si apertada, ainda escolhem pôr-se em grupinhos juntinhos nas mesmas zonas?

Fui e vim, a custo com 3 grandes muros para passar. Quando voltei tive que perguntar à chinesa da loja. Uma aventura. Máquina de calcular. O quê? Máquina de calcular. Desculpe? Máquina para fazer contas. Não percebi. Máquina... com botões e números... Ah.. isto? Não, isso é um pseudo mp3 para música, máquina de calcular, para contas... mais, menos, vezes... Ar parado a olhar para mim. Ok, tiro o telemóvel, abro a aplicação da calculadora, mostro-lha: isto, preciso de uma máquina de calcular. Faz um ar iluminado, ahhhh, de quem percebeu exactamente, quase que lhe vejo um brilho de satisfação nos olhos e desaparece para o fim da loja, passando os obstáculos (aka, pessoas) muito mais agilmente do que eu. Volta sorridente e traz com ela 4 capas de telemóvel de cores diferentes.

Agradeço, digo que queria era cor de rosa com bolinhas amarelas e vou-me embora.

Entro numa loja de "brindes" e afins, antigamente lojas das cem pesetas (para a malta da fronteira), mais tarde lojas dos trezentos, posteriormente loja do euro, agora loja do euro e oitenta.

Mais aglomeradinhos de pessoas. Passo rápido, com mais experiência. Olho para o lado e há uma luz que ilumina uma prateleira recôndita. Duas máquinas de calcular sorriem para mim. Uma é cor de rosa forte, a outra é musical. Estão, claro, ao lado dos guaches e aguarelas. Claro. Não conheço nenhum bom pintor que não tenha antes de começar a pintar feito várias contas com uma máquina de calcular cor de rosa forte ou uma musical.

Tenho um momento de indecisão entre as duas. Encolho os ombros, pego na musical, sigo para a caixa.

Tenho uma Kenko musical por um euro e oitenta. Só espero que aguente duas semanas. Não quero repetir o processo nos próximos tempos.

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