sexta-feira, dezembro 23, 2005

Hoje vou falar-vos

de casas de banho. De casas de banho? Sim, sim. Mas não de umas quaisquer casas de banho... não. Vou falar-vos de casas de banho públicas. Casas de banho de cafés, centros comerciais, instituições. Todas as casas de banho cuja porta não chega do tecto ao chão e onde se pode ver os pézinhos tortos com as calças em cima.

Não sei se já repararam mas há imensos sítios onde as portas das casas de banho públicas não tem trinco. As marcas estão lá, houve uma vez um trinco... mas já não há. Ainda não percebi se há todoum gang de ladrões de trincos de casa de banho ou se as variadas gerências decidem ao fim de algum tempo que estão fartos de abrir casas de banho que se fecham sozinhas. O que é facto é que há poucas coisas tão desagradáveis como ir fazer xixi a uma casa de banho pública sem trinco.

Em primeiro lugar é a posição. Fazer xixi numa casa de banho pública já não é por si fácil, há toda uma posição precária de equilíbrio com as pernas limitadas pelas calças. "Não me vou sentar, não me vou sentar...", faz-se força, as pernas começam a tremer, os pés não tem muita margem de manobra para o caso de desequilíbrio... Bom, a coisa piora substancialmente quando a casa de banho não tem trinco. Temos que manter a posição precária, os pés continuam limitados, o rabo não pode tocar na retrete e ainda temos que segurar a porta. Tudo ao mesmo tempo. Ah, claro, e fazer xixi e acertar no sítio.

Pessoalmente não sei se há casas de banho com câmaras de video. Até pode haver, sei lá, se filmarem de cima é capaz de não ser muito grave. É que eu gostava mesmo de assistir a uma gravação de uma casa de banho cuja porta sem trinco estivesse a mais de 50 cm da retrete. 50 cm é mais ou menos aquela distância crítica, pelo menos para mim, em que é impossível segurar a porta com os pés e é complicado segurar as calças com uma mão, limpar o rabo com a outra e segurar a porta. Tenho consciência que já fiz malabarismos incríveis a tentar cumprir todas estas tarefas ao mesmo tempo! Agora, gostava era de ver malabarismos alheios para ver se usam técnicas melhores que as minhas.

Há situações em é inevitável largar a porta por dois ou três segundos. Às vezes acontece nessa eternidade temporal alguém abri-la e dar connosco na posição mais vulnerável das nossas vidas. A cara que fazemos deve ser simplesmente digna de ser fotografada. A sério. Geralmente a porta volta-se a fechar rapidamente enquanto uma voz lá de fora pede desculpa. Quase sempre respondemos "não faz mal". Claro que faz. Faz mesmo muito mal. E o pior é as possíveis consequências da nossa resposta educada. Já pensaram se um dia destes a porta se volta a abrir de novo e nos entra alguém estranho pela casa de banho adentro? "Não faz mal, foi o que disse". Ainda praí aparece algum louco a tentar fazer xixi ao mesmo tempo que nós ou isso... "Não faz mal, pois não?".

Enquanto isso não acontece, depois do "não faz mal" inconsequente, há o encontro. A saída da casa de banho e o cara-a-cara com o idiota que nos abriu a porta. Que sabe qual é a nossa estratégia de equilíbrio. Que nos viu a fazer xixi numa casa de banho pública. Ah, se os olhares matassem....

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