segunda-feira, junho 20, 2005

O passeio desastrado

Eu sou por natureza uma pessoa distraída. Esta natureza agrava quando algum assunto (ou mais do que um) me entretém os pensamentos. É o descalabro, mando e-mails com anexos que ficam por anexar, vou contra postes, vidros, lixos, pessoas... tento entrar nas lojas pelas montras, esqueço-me do que tenho que fazer, das coisas que combinei, de levar as coisas mais essenciais... enfim, nada que o pessoal não se vá habituando. Mas isto sou eu. E também sou incrivelmente desastrada mas disso já não tenho culpa, é genético. A sério. O meu tio, irmão da minha mãe, é pior do que eu. Não há coisa onde ele meta a mão que não perca a graça, é ver os filhos dele receberem uma prenda, ele dizer "Mostra ao pai" e os gaiatinhos a fugirem com o brinquedo novo antes que fique irremediavelmente partido.

Ora bem, tudo isto foi só a introdução. O que vos quero contar é o meu passeio hoje com o cão. Como habitualmente o meu cão levou-me a passear. Desde que o tenho, hoje foi o meu dia mais distraído.

Andava eu a ser guiada por ele e a pensar nas minhas coisas quando embati numa cabine telefónica. O costume, não há azar. "Cão, podias-me ter avisado" reclamei. E ele nada, fingiu que não me ouviu. Uns metros mais à frente, pumba numa paragem de autocarro. "É pá... cão, a sério, dá lá as deixas..." E ele népias.

Agora vem a parte gira. Uns metros mais à frente o cão espetou-se numa montra. Juro. E ficou a olhar para mim com um ar indignadissimo. Ri-me, "cá se fazem, cá se pagam". Continuamos. O gajo ia a passar a estrada, chamei-o. Voltou para o passeio a olhar para tráz e pof! Foi contra um semáforo. Assustou-se, pregou um salto e bateu num poste de um sinal que estava ao lado. Eu comecei-me a rir larguete, encostei o cotovelo a um caixote do lixo, filho da p*t* do caixote tinha rodinhas em baixo, bazou do meu cotovelo e eu fiquei esparramada no chão. Tudo isto com assistência, estava um babado pai com seu filhote de 4 ou 5 aninhos a deliciar-se com a cena.

Rabo no chão, a saída é a gargalhada... lá saiu. Decidimos voltar para casa. Achei que para distraída e desastrada já chegava eu, não percebi a cena do cão hoje. Solidariedade estranha esta.


p.s. - juro que isto é inteiramente verídico.

Sem comentários: